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Sinopse por: Luís Nogueira Um excerto do prefácio, escrito por Claude Lefort: "Instalado, durante dois ou três meses, no campo provençal, gozando diariamente a paisagem que encerra para sempre a marca do olho de Cézanne, Merleau-Ponty volta a interrogar a visão, ao mesmo tempo que a pintura. Ou melhor, interroga-a como pela primeira vez, como se não tivesse, no ano anterior, reformulado as suas velhas questões em Le Visible et L’Invisivble, como se todas as suas obras anteriores - e, antes de mais, o grande edifício da Phenómenologie de la perception (1945) - não pesassem no seu pensamento, ou, então, pesassem demasiado, de tal modo que fôra necessário esquecê-las para recuperar a força do espanto.
(…) Adivinhamos, para lá do encantamento provocado pela arte do pintor, esse primeiro deslumbramento, que nasce do simples facto de se ver, de se sentir e de se surgir, aí - do facto desse duplo encontro do mundo e do corpo, na origem de qualquer saber, e que excede o concebível.
(…) O trabalho do pintor convence Merleau-Ponty da impossível partilha entre a visão e o vísivel, a aparência e o ser. Ele fornece-lhe o testemunho de uma interrogação interminável, que recomeça em cada obra, que não poderia desembocar numa solução e que, no entanto, oferece um conhecimento, tem a singular propriedade de só obter tal conhecimento, o do visível, por um acto que o faz acontecer numa tela".
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