|
Sinopse por: Graça Gonçalves Da introdução: "Habituado a puxar da estante todas as tardes o impresso da "CENSURA" _ uma folheta, com três colunas, para numeração dos telegramas (guilhotinados) das agências Reuter/France Press/ANI, no dia 5 de Maio, 10 dias depois do desencadeamento da Revolução, ainda puxei pelo papelete do registo e joguei-o na secretária. Os colegas da Secção do Estrangeiro soltaram rumorejantes risadas: _ "Ó pá, já não coronéis!" Havia capitães. Liberdade de Imprensa. É certo que, após o 25 de Abril a liberdade tem atravessado renhidas lutas pela sua apropriação; velhos e renovados coronéis (fardados e paisanos) ressurgem ou são ensaiados nas provetas das circunstâncias, prosseguindo a gesta dos seus avoengos. Contudo, o quadro de possibilidades de expressão das convicções e de revelação de factos ampliou-se. Não existe uma CENSURA oficial, funcionalizada, telecomandada e telecomandante, embora as forças do passado se esforcem por reconstituir o aparelho. As organizações democratas e as consciências particulares dispõem de um feixe de terminais de dados e de centros de acolhimento e de semeação de opiniões. O antigo poder monopolizante foi seccionado e desenvolveu-se uma nova conjuntura pluridimensionada e policentrizada, que está a resistir aos assaltos dos inimigos das conquistas do Povo Português. Contribuir para a História da Censura não poderá ser apenas um exercício de memorização escolar, com datas, nomes e uns pincelamentos de colorido epocal. Este trabalho balizará épocas e entidades e policromará o acontecido, mas, para além desta elementaridade pedagógica e lúdica, propõe-se legendar o pano de fundo institucional. É nosso parecer de que, no écran do devir, terão de nitidizar-se (panoramicamente) os objectivos das sentinelas do obscurantismo. (...)"
|
|