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Sinopse por: Luís Nogueira Eis o fecho do texto, que poderá iluminar as interrogações que percorrem esta reflexão: "Muito provavelmente, Sade apreciaria a reconstituição digital. Porque esta actua sobre cada pixel de um corpo-imagem com a minúcia das suas personagens. O sadismo está na atomização digital: o seu código é binário, mas não dual. Não responde a nenhum valor mas apenas ao cálculo de uma fricção. Assim, o colapso do sistema de base digital é perfeito: não deixa atrás de si o cadáver à volta do qual a nossa cultura analógica ainda orbita, mas apenas o irrisório, esse irrisório de onde o sistema brotara.
Porque nasce do irrisório, o virtual, no momento em que se constitui, ignora ainda a sua finalidade. Mas não desconhece o seu próprio ocaso e anuncia-o. Resta-nos saber se este coincidirá com uma mutação decisiva da experiência humana ou, eventualmente, com o seu extravio no labirinto ficcional".
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