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Sinopse por: Luís Nogueira Um excerto do texto: "O reconhecimento do carácter social e da dimensão política das questões morais contribuiu para tornar mais evidentes algumas insuficiências das teorias éticas convencionais.
A obsessão teórica das justificações - de preferência, a "justificação última - contradiz a situação concreta da ética, onde as justificações são tantas vezes obscuras e, regra geral, variáveis. Esta contradição atinge o limite quando a "necessidade" de justificação se sobrepõe e elimina mesmo a força vital sempre presente quando o homem se confronta com a pergunta inevitável - "que devo fazer?".
As possibilidades de resposta a esta pergunta são, como sabemos, extremamente variáveis - com justificações verdadeiras ou falsas, mais ou menos legítimas, mais ou menos conscientes. Mas o que sempre prevalece na necessidade de continuar a formular a pergunta e na possibilidade de a ela responder é um acto de liberdade. Liberdade sem a qual, refira-se, qualquer justificação seria desnecessária.
A ideia de uma "justificação última" parece manifestamente pôr em causa a primazia deste princípio de liberdade.
A ética da comunicação é bastante modesta quanto às exigências de fundamentação que coloca, e neste aspecto distingue-se radicalmente das éticas convencionais. Mas nem por isso é menos importante questionar a partir do seu próprio interior o papel aí reservado à liberdade, entendida como condição indispensável à realização objectiva das discussões e factor que confere à teoria ética uma verdadeira dimensão prática".
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