| Meditações Pascalianas Sinopse por: Graça Gonçalves
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Obra: Meditações Pascalianas Autor(a): Pierre Bourdieu Editora: Celta Colecção: Sociologias Ano publicação: 1998 Ano entrada: 2000-01-01 Número de páginas: 244
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Temáticas: » Filosofia » Teorias da Cultura
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Sinopse por: Graça Gonçalves Da introdução: "Se me decidi a pôr algumas questões que tera preferido deixar à filosofia, é que me pareceu que, apesar de tão questionadora, a filosofia não as punha, e não abdicava ao mesmo tempo de levantar, nomeadamente a propósito das ciências sociais, questões que não me parecem impor-se _ embora evitando interrogar-se sobre as razões e sobretudo as causas, com frequência bem pouco filosóficas, das suas interrogações. Eu queria, com efeito, impelir a crítica (no sentido de Kant) da razão científica até a um ponto que os questionamentos deixam habitualmente por tocar e tentar explicitar os pressupostos inscritos na situação de skholè, tempo livre e liberto das urgências do mundo que torna possível uma relação livre e liberta com essas urgências e com o mundo. Ora foram filósofos que, não contentes com incluírem esses pressupostos na sua prática, como outros profissionais do pensamento, os levaram à ordem do discurso, menos para os analisarem do que para os legitimarem. Teria podido, para justificar uma investigação que espera abrir acesso a verdades que a filosofia contribui para tornar difíceis de atingir, autorizar-me do exemplo de pensadores que não estão longe de ser olhados pelos filósofos como inimigos da filosofia, porque, como Wittgenstein, lhe dão por primeira missão dissipar ilusões, nomeadamente as que a tradição filosófica produz e reproduz. Mas tinha diferentes razões, como se poderá comprovar, para colocar estas reflexões sob a égide de Pascal. Habituara-me, havia muito tempo, quando me era posta a questão, geralmente mal-intencionada, das minhas relações com Marx, de responder que, bem vistas as coisas, e se tivesse de declarar a todo o custo uma filiação, me diria antes pascaliano: pensava nomeadamente naquilo que se respeita ao poder simbólico, lado pelo qual a afinidade melhor se manifesta, e noutros aspectos da obra, menos considerados, como a revogação da ambição do fundamento. Mas sobretudo sempre me sentira grato a Pascal, tal como o entendia, pela sua solicitude, despojada de qualquer ingenuidade populista, pelo "comum dos homens" e pelas "sãs opiniões do povo"; e também pela sua vontade, disso indissociável, de procurar sempre a "razão dos efeitos", a razão de ser dos comportamentos humanos aparentemente mais inconsequentes ou mais insignificantes _ como "correr o dia todo atrás de uma lebre" _ , em vez de se indignar com eles ou de os ridicularizar, à maneira dos "semi-hábeis", sempre prontos a "fazer de filósofos" e a tentar surpreender com as suas surpresas fora do habitual a propósito da vaidade das opiniões de senso comum. (...)"
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Índice: Introdução
1. Crítica da Razão Escolástica
A ampliação e o implícito
A ambiguidade da disposição escolástica
Génese da disposição escolástica
O grande recalcamento
O ponto de honra escolástico
Radicalizar a dúvida radical
Post scriptum 1: confissões impessoais
Post scriptum 2: o esquecimento da história
2. As Três Formas do Erro Escolástico
O epistemocentrismo escolástico
Digressão. Crítica dos meus críticos
O moralismo como universalismo egoísta
As condições impuras de um prazer puro
A ambiguidade da razão
Digressão. Um limite "habitual" do pensamento "puro"
A forma suprema da violência simbólica
Post scriptum: como ler um autor?
3. Os Fundamentos Históricos da Razão
A violência e a lei
O nomos e a illusio
Digressão. O sentido comum
Pontos de vista instituídos
Digressão. Diferenciação dos poderes e circuitos de legitimação
Um historicismo racionalista
O duplo rosto da razão científica
Censura do campo e sublimação científica
A anmnese da origem
Reflexividade e dupla historicização
A universalidade das estratégias de universalização
4. O Conhecimento pelo Corpo
Analysis situs
O espaço social
A compreensão
Digressão sobre a cegueira escolástica
Habitus e incorporação
Uma lógica em acção
A coincidência
O encontro de duas histórias
A dialéctica das disposições e das posições
Desfasamentos, discordâncias e falhas
5. Violência Simbólica e Lutas Políticas
Líbido e illusio
Uma imposição pelo corpo
O poder simbólico
A dupla naturalização e os seus efeitos
Sentido prático e trabalho político
A dupla verdade
Estudo de caso 1: a dupla verdade do dom
Estudo de caso 2: a dupla verdade do trabalho
O conhecimento dos modos de conhecimento
6. O Ser Social, o Tempo e o Sentido da Existência
A presença ao porvir
"A ordem das sucessões"
A relação entre as esperanças e as oportunidades
Digressão. Algumas abstracções escolásticas mais
Uma experiência social: homens sem futuro
A pluralidade dos tempos
Tempo e poder
Regresso à relação entre as esperanças e as oportunidades
Uma margem de liberdade
A questão da justificação
O capital simbólico
Notas
Indice remissivo temático
Indice remissivo de autores
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