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Sinopse por: Luís Nogueira Começa assim o texto: "Há hoje sinais claros de que a técnica e a estética se encontram em trajectórias de convergência, e de que esta convergência é tão importante quanto foi aquela outra entre a ciência e a técnica, ao formar esse bloco denso que designamos significativamente como «tecno-ciência». O ponto em que estética e técnica convergem e tornam explícito um programa comum é o da afecção. A compreensão do que possa estar em causa neste programa está bem para além das discussões acerca das relações entre arte e técnica ou da emergência de novas «artes tecnológicas» e implica, em primeira mão, uma recolocação mais ampla, mas também mais precisa, da questão estética. Na economia disciplinar do pensamento moderno, a estética representou um ensaio de modulação da afeccionalidade em geral, que permitiu enquadrar aspectos malditos da experiência moderna, como os do prazer, das paixões e das sensações, transformando-os na bem-dita e bem-vista, mas também bem abstracta «sensibilidade». O sucesso de uma tal operação, fica a dever-se a uma maquinaria igualmente abstracta de figuras, de categorias filosóficas e de topoi literários cuja função é a de mediar simbolicamente e imaginariamente a afecção, de modo a que tudo aquilo que nos pode (perigosamente) tocar, possa ser simultaneamente implicado na experiência e desimplicado dos corpos. Problema e programa de ordem prática, e só depois poética, que a estética assume aliás, desde o séc. XVII, em concorrência explícita com a ética e a política".
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