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Sinopse por: Luís Nogueira "O problema da informação - a informação como problema - não é de hoje. Tal problema remonta, pelo menos, a Platão que, no Fedro, citando um velho mito egípcio, alerta para o perigo de, com a escrita, a mera informação (considerada, pelo filósofo, como "uma aparência de sabedoria") ir, progressivamente, substituindo a educação (sem a qual não pode existir "a sabedoria em si mesma". Já mais perto de nós, em "O Narrador" (publicado em 1936), Walter Benjamin constata, num tom não isento de nostalgia, a crise da narrativa, da "capacidade de trocar experiências", que se torna manifesta a partir da 1ª Guerra Mundial. Segundo o filósofo alemão, essa crise tem a sua origem mais remota (e fundamental) na arte da impressão, que vai constituir um dos instrumentos fundamentais da afirmação da burguesia; consolidando o seu domínio, a burguesia cria uma forma de comunicação que vai pôr em causa quer a narrativa quer o próprio romance (que contribuira, a seu tempo, para a perda de importância da narrativa): a informação. Desde a época em que Benjamin publicou o seu texto - e sobretudo após os finais da 2ª Guerra Mundial - a problemática da informação (e da comunicação) não deixou de ir ganhando uma importânca crescente, começando-se mesmo a falar, a partir dos anos 60, do surgimento de uma "sociedade da informação". (...) Não pondo de parte a caracterização da "sociedade da informação" como ideologia, pretendemos, neste trabalho, olhar para a "sociedade da informação" como utopia. Tal pretensão implica desde logo que, na linha de autores como Mannheim e Ricoeur, nos recusemos a estabelecer uma linha de demarcação absoluta entre ideologia e utopia, tentando antes pensá-las em conjunto - até porque existe, entre elas, uma fronteira ténue, que facilmente se deixa transpor.(...)", lê-se na introdução.
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