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Sinopse por: Graça Gonçalves Excerto da nota de apresentação: "Compreender a modernidade como algo que se constitui assente numa matriz perspectivista é o pressuposto deste ensaio. Definir essa matriz é o seu objectivo. É claro que é em Nietzsche que o perspectivismo encontra a sua formulação teórica mais importante e por isso mesmo é esta que obrigatóriamente se torna objecto de discussão. Mas a nossa hipótese é que ele consciencializa afinal as condições epistémicas com que a própria modernidade se formou. O primeiro momento, correspondente ao primeiro capítulo, consistiu assim na caracterização do perfil epistemológico do perspectivismo e desenvolve um esforço no sentido de, por assim dizer, o salvar de algumas das mais influentes leituras historicistas e desconstrutivas. Mas essa operação ficaria incompleta se, num segundo momento, não déssemos uma consciência maior ao conceito. Fizemo-lo mediante a introdução de um transcendental mais amplo: o corpo, no sentido do conceito de Leib, que encontramos particularmente em Kant e Nietzsche. A reconstrução de uma teoria da corporeidade nestes dois autores ocupa assim o segundo capítulo. Trata-se da modificação de um texto já publicado em 1989, com o título: "A corporeidade como esquematismo da razão em Kant e Nietzsche" (in "Nietzsche _ 100 anos após o projecto Vontade de Poder _ Transmutação de Todos os Valores, Vega, Lisboa). O terceiro capítulo procura compreender a historicidade própria da matriz perspectivista, a sua duplicidade destrutiva-construtiva e foi assim que conseguimos identificar a força de veracidade como "substância" de um logos que mantém alguns traços da imagem que a modernidade fez de si mesma, particularmente através do iluminismo. O quarto capítulo representa uma derivação, mas simultâneamente uma aplicação do perspectivismo relativamente ao tema da Europa. Aquelas que definimos como categorias estruturantes do ser europeu não são redutíveis ao que poderíamos chamar consciência perspectivista, mas esta é, sem dúvida, uma categoria inicial, directa ou indirectamente presente em qualquer tentativa de determinar a especificidade europeia.(...)"
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