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Sinopse por: Graça Gonçalves Da introdução: "Ainda que não seja incompreensível que, para caracterizar o pensamento filosófico, se insista com frequência na importância do acto questionador, na postura interrogativa e no primado da pergunta, o facto é que tal insistência, por si só e colocada como a mais importante e distintiva característica do pensamento filosófico, não deixa de poder suscitar uma imagem patética, senão apatetada, da actividade filosófica. Poderá, sem dúvida, deixar transparecer o ambiente crítico, de inquietude e de satisfação intelectual que anima a especulação filosófica, mas está longe de deixar transparecer o modo como se estrutura, enquanto diálogo e discussão, o trabalho filosófico.<br>
Se a ousadia da dúvida radical, das perguntas que se pretendem de última análise ou do discurso interrogativo que no esforço do seu desdobramento máximo acaba por assumir o tom (tão sapiente e aparentemente humilde quanto arrogante e suspeitamente autoritário) da última instância podem provocar um fascínio quase irresistível e um efeito de catatónico enlevo, não será menos importante assinalar que, para haver produção filosófica, nas costas dessa paixão pela radicalidade trabalha a exigência de uma estruturação ordenada do discurso. O uso das analogias e das metáforas mostrará, além do mais, que essa ordenação não pode ser pensada em termos disjuntivos, como lógica ou estética, como retórica ou científica, como filosófica ou literária…, mas que a sua estruturação se faz no cruzamento de múltiplas dimensões".
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