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Sinopse por: João Carlos Correia Se um Manual pode possuir excelência e, por conseguinte, ser considerado excelente, quais seriam as qualidades que lhe permitiram a atribuição de um tal qualificativo: a originalidade das teorias? A capacidade metafórica dos autores? A sensibilidade poética e a elevação expressiva? A profundidade abissal dos raciocínios? A exposição ao risco na apresentação de soluções inventivas na forma ou no conteúdo? Ou, pelo contrário, pretende-se apenas a clareza da exposição, a capacidade didáctica, a apresentação simples sem ser simplista, em suma um fiel amigo capaz de esclarecer dúvidas através de sínteses bem elaboradas, proporcionando-lhe respostas a dúvidas do género “Tudo quanto você quer saber sobre” X, sendo x o tema sobre o qual o manual disserta?
Se eventualmente você enveredou pela segunda hipótese - uma obra simples, clara, bem organizada, com exemplificação abundante e apreciações críticas q.b. - sendo que o tema sobre o qual procura um manual é “Teorias da Comunicação”, então esta obra de Denis McQuail e Sven Windhal responde a estes requisitos merecendo por isso o qualificativo de um excelente manual. Ou seja, se o termo de comparação não são os sonetos de Shakespeare ou Camões, “A Fenomenologia do Espírito”, “O Ser e o Tempo” ou sequer as reflexões sociológicas de Katz, Lazersefeld e Merton mas apenas e tão só os numerosos livros de receitas que permietm o conhecimento mais ou menos pormenorizado do pensamento alheio (veja-se o exemplo já “clássico” de Mauro Wolf), o trabalho é executado, neste livro com a perfeição artesanal que se exige nestas obras didácticas e expositivas, sendo que, neste caso, a “perfeição” é sinónimo de uma máxima compreensibilidade média entre um público universitário em anos iniciáticos. Os autores fazem um percurso pelas teorias clássicas da comunicação ( Shannon e Weawer, Grebener, De Fleur, Lasswell, Katz e Lazersfeld, McCombs e Shaw, entre outros) porporcionando um síntese bem elaborada sobre cada um destes percursos teóricos acompanhados pela respectiva nota crítica. Além disso - e apesar de fazerem da compreensibilidade e clareza das suas exposições o principal objecto da sua escrita - não prescindem de um objectivo teórico próprio, uma opção que - embora deliberadamente mitigada pelo objectivo principal de explicarem as teorias - se faz sentir na opção pelas correntes que dão especial relevo aos efeitos cognitivos de médio e longo prazo.
Em face da limitação das próprias metas, recomenda-se que a adopção de um manual deste género - já que outra finalidade não lhe pode ser atribuída que não seja o próprio conhecimento das Teorias da Comunicação num ambiente de exposição didáctica - seja acompanhada pela leitura da abundante Bibliografia que se segue a cada uma das exposições, graças à qual se consegue dar o salto qualitativo para o qual este manual - um mero instrumento de trabalho- aponta. Em suma, um ponto de partida e nunca um substituto.
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