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Sinopse por: Graça Gonçalves Da introdução: "O pensamento ocidental e especialmente a filosofia francesa têm por constante tradição o desvalorizarem ontologicamente a imagem e psicologicamente a função da imaginação, "fautora de erros e de falsidades". Alguém notou, com razão, que o vasto movimento de ideias que de Sócrates, através do augustinismo, da escolástica, cartesianismo e século das luzes, desemboca na reflexão de Brunschvig, Lévy-Bruhl, Lagneau, Alain ou Valéry tem como consequência o "pôr de quarentena" tudo o que considera férias da razão. Para Brunschvig, toda a imaginação _ mesmo platónica!_ é "pecado contra o espírito". Para Alain, mais tolerante, "os mitos são ideias em estado nascente" e o imaginário é a infância da consciência. Poder-se-ia esperar, parece, que a psicologia geral fosse mais clemente para com a "louca da casa". Mas não. Sartre mostrou que os psicólogos clássicos confundem a imagem com o duplicado mnésico da percepção, que mobila o espírito com "miniaturas" mentais que não são senão cópias das coisas objectivas. No limite, a imaginação é reduzida pelos clássicos àquela franja aquém do limiar da sensação que se chama imagem remanescente ou consecutiva. É sobre esta concepção de um imaginário desvalorizado que floresce o associacionismo, esforço certamente louvável para explicar as conexões imaginativas, mas que comete o erro de reduzir a imaginação a um puzzle estático e sem espessura e a imagem a um misto, muito equívoco, a meio caminho entre a solidez da sensação e a pureza da ideia. (...)"
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