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Sinopse por: Luís Nogueira Da introdução: "A emergência da questão comunicacional tem efeitos epistemológicos inegáveis, em particular no domínio das ciências humanas. O próprio desenvolvimento destas não pode ser isolado do movimento de ruptura epistemológica para com os quadros de referência em que se inseriam as interrogações e os procedimentos das ciências modernas, de natureza predominantemente classificatória e evolucionista.
(…) Podemos enunciar algumas características das perspectivas comunicacionais e das respectivas epistemologias.
Em primeiro lugar, o saber já não se constitui prioritariamente nos terrenos consistentes das disciplinas constituídas; elabora-se nas regiões moles de correspondência, ou, melhor dizendo, de interferência entre as regiões disciplinares do saber, neste no man’s land onde erram resíduos da ordem normalizadora da razão iluminada (…).
Em segundo lugar, as perspectivas ou os pontos de vista a partir dos quais se fundam os discursos passam a equivaler-se, se os considerarmos como lances estratégicos de legitimação. Já não podemos, por conseguinte, hierarquizá-los em torno de uma perspectiva dominante sem incorrermos no risco de aceitar como indiscutível a sua dominação (…).
Em terceiro lugar, a combinatória dos discursos é de natureza serial e transitiva. A serialidade consiste em encadeamentos lógicos e não cronológicos nem narrativos de entidades formais e não substanciais. É aquilo que Michel Serres pretende sugerir ao afirmar: "La science est une langue, jamais une parole". É transitiva, na medida em que a posição do próprio sujeito é reflexo de uma palavra outra que o constitui como instância legítima de enunciação".
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