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Sinopse por: Graça Gonçalves "O objectivo deste manual de jornalismo _ diz-se num curto prólogo da edição em espanhol elaborada pela Organização Internacional de Jornalistas _ "é o de preparar correspondentes voluntários, dotá-los com a técnica jornalística e, dentro de pouco tempo, convertê-los em excelentes repórteres da localidade ou região onde actuam". Esta será a primeira grande novidade de uma obra ímpar, que continua perfeitamente adequada à situação a viver-se em Portugal. Aqui nunca houve, até data recente, autêntica preocupação de preparar tecnicamente os profissionais de informação. Tal ausência poderia justificar-se durante o fascismo, pela própria natureza do regime, mais interessado em manter uma classe reduzida de burocratas dóceis ao serviço de objectivos obscurantistas, no campo da informação, contra a população explorada. Salazar sabia que, permitindo uma preparação técnica e cultural aos jornalistas, estaria a alargar perigosamente o campo da oposição ao regime que ele próprio personificava; Marcelo Caetano, numa tentativa de adaptação aos novos ventos que essa própria oposição foi criando, mandou o seu ministro da Educação projectar um curso universitário de jornalismo várias vezes prometido, mas não realizado, talvez porque não foi encontrada a fórmula que permitisse uma selecção e um programa adequado à defesa dos interesses do fascismo. Um e outro sabiam, afinal, que não poderiam resistir a uma informação livre e profissionalmente competente. Ora, o regime democrático, pela sua natureza, não pode resistir a uma informação eternamente incompetente e no fundamental herdeira e continuadora da herança deixada pelo fascismo. Se é verdade que só a Revolução de Abril abriu o caminho à entrada da Comunicação Social nos currículos escolares, a nível secundário e superior, nem por isso o arrivismo, o oportunismo, a incompetência e a desonestidade deixaram já de invadir os jornais, a rádio e a TV."
(prefácio)
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