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Sinopse por: Luís Nogueira Escreve na introdução o autor: "A escrita atravessou assim todos os estados de uma solidificação progressiva: primeiro objecto de um olhar, depois de um fazer, e finalmente de um assassínio, ela atinge hoje uma última transformação, a ausência: nestas escritas neutras, a que chamamos aqui o grau zero da escrita, podemos discernir facilmente o próprio movimento de uma negação e a incapacidade para o realizar numa duração, como se a Literatura, que desde há um século tende a transmutar a sua superfície para uma forma sem hereditariedade, só encontrasse a sua pureza na ausência de qualquer signo, propondo por fim a realização deste sonho órfico: um escritor sem Literatura. A escrita branca, a de Camus, a de Blanchot ou a de Cayrol, por exemplo, ou a escrita falada de Queneau, é o último episódio de uma Paixão da escrita que acompanha passo a passo o dilaceramento da consciência burguesa.
O que pretendemos aqui é esboçar essa ligação; é afirmar a existência de uma realidade formal independente da língua e do estilo; é tentar mostrar que esta terceira dimensão da Forma também liga o escritor à sua sociedade, mas não sem um trágico suplementar; é por fim fazer sentir que não existe Literatura sem uma moral da linguagem".
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